Desculpem não ter atualizado ontem, mas cheguei em casa muito tarde e cansado. Deu tempo apenas de por as fotos do dia no orkut, falar com a Bruna e com o pessoal de casa e já era hora de dormir. Como tenho muito o que falar vou dividir o relato do meu dia em alguns posts.
Ontem o dia foi extremamente cansativo. Sai às 9:30 e só voltei às 20:30. Inicialmente eu pensava em visitar Tian'anmen no domingo, mas acabei me decidindo por ir visitar o Yonghegong. O Yonghegong é um templo budismo tibetano que data do século XVII, e durante o Império foi o maior centro do budismo tibetano fora do Tibete, recebendo a visita de monges do Tibete, da Mongólia e de várias pessoas da corte, incluído vários imperadores. O lugar é realmente grande, tendo sido transformado na década de 80 em um ponto turístico. Ele só escapou de ser destruído durante a Revolução cultural de 1966-76 devido à proteção do Zhou Enlai, primeiro ministro da época. Além de dar dinheiro através do turismo, o templo também serve para propagandear o suposto respeito do governo chinês com a religião tibetana e afirmar que o Tibete sempre fez parte da China. Nào faltam referências ãs visitas de imperadores ao templo e ãs relações amistosas entre estes e os lamas que moravam e ensinavam ali, "patriotas preocupados em preservar a unidade da China" (sim, isto está escrito lá). O governo chinês se utiliza da relação estreita que o templo manteve com a corte para reafirmar sua soberania sobre o Tibete, a ainda arranja uns troquinhos dos turistas, esperto não?
Hoje há ali várias lojinhas de bugigangas e de artigos religiosos para os turístas. Porém, mais numerosos que os vários turístas tirando fotos ali são as pessoas que vão lá para rezar, o que é bem impressionante. Na verdade, acho que boa parte dos chineses que vai ali a turísmo aproveita para oferecer incenso e rezar. O templo (cuja foto aérea pode ser vista no orkut) é composto de vários pavilhões, dentro dos quais estão localizadas diversas estátuas de Budas, Arhats, Bodisatvas e demais entidades do budismo tibetano. Destaque para o último pavilhão que abriga uma estátua de um Buda com 18 metros de altura. O ingresso para entrar no templo é um mini-CD com um vídeo sobre o templo, que eu ainda não vi.
Em frente a cada pavilhão há grande incensários várias pessoas fazendo preçes. Os fiéis acendem incenso no incensário (às vezes um bastão, às vezes três e às vezes um maço inteiro), rezam de pé ou ajoelhados, segurando os bastões com ambas as mãos em frente ao corpo ou sobre a cabeça, curvam-se três vezes para cada divindade para quem eles rezaram (uns apenas curvam as costas, outros ajoelham-se e tocam o chão com a testa no estilo tibetano, mas normalmente basta baixar a cabeça) e então jogam o incenso de volta no incensário. Já dá para imaginar que a fumaça é uma constante no templo, sorte que é lugar aberto. Dentro dos pavilhões onde estão as estátuas é proibido queimar o incenso (para evitar incêndios, já que o local é todo de madeira) e tirar fotos (motivo pelo qual não pude tirar fotos das estátuas). Desta forma, os fiés fazem os mesmos gestos em frente as estátuas mas sem queimar o incenso, que é simplesmente depositado sobre uma mesa após a oração. De tempos em tempos uma funcionária recolhe os bastões de incenso das mesas e põe-nos dentro dos incensários no lado de fora dos pavilhões para queimarem. Não vi nenhum fiel trazendo comida como oferenda, mas sobre o altar de algumas estátuas há frutas e sobre a de outras aguardente (o baijiu, 56%, urrrghhh). Há uma sala apenas para expor pequenas estátuas de cobre que ornavam o templo e que foram ofertadas por diversas pessoas em época diversas. Do meu lado havia um casal que ia olhando as estátuas e após ler os textos explicativos curvavam-se respeitosamente em direção äs estátuas. Uma vez em frente a uma vitrine com 3 estátuas principais de Budas eu contei o número de reverencias que o homem fez: nove. Três para cada um dos Budas.
Visitei todos os pavilhões e fiquei encantado com a beleza do local, pena que não pude fotografar o mais bonito, que eram as estátuas no interior dos pavilhões. Pude acompanhar uma oração coletiva em uma pequena sala, com um monge entoando um mantra com uma voz grave e monotona e jogando arroz de uma tigela em uma mesa enquanto os fiéis acompanhavam ajoelhados e com as mãos juntas. É interessante notar que há vários locais onde as pessoas depositavam oferendas em dinheiro que podiam ser facilmente alcançadas com as mãos caso alguém quisesse roubar (vi notas de 100 ali).
Antes de sair ainda sentei perto de uns monges tibetanos e fiquei com muita vontade de pedir para tirar uma foto junto, ainda mais depois que eu vi um chinês fazendo isso. Por sorte dois monges vieram na minha direção, sentaram no meu banco e puxaram assunto! Perguntaram de onde eu era. Ai nos começamos a conversar num chinês muito ruim (- Eu: Eu não falo chinês muito bem - Tibetano: Eu também não. Hehehehehe). Descobri que eles vieram de Lhasa por motivos religiosos até o templo. É claro que eu quis perguntar sobre política, mas meu parco vocabulário chinês não permitia (nem o dele, hehehe). por fim pedi para tirar uma foto e eles concordaram. Nossa! Mal sei chinês e conversei com um tibetano que também sabe pouco chinês, muito legal mesmo! Na saída ainda perguntei para o dono de uma lojinha o nome de alguns deuses cujas estátuas estavam a venda.
Nossa que post comprido, mas como vim estudar religião na China né, não podia ser diferente. A seguir sobre os arredores do Templo.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
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Caraca! Sabe que tu até que faz a China parecer interessante!!! hahahahaha! Larga de falar de política com qualquer um, ou o tio Mao tira tua bolsa! hahahaha! Bração!
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