domingo, 27 de setembro de 2009

Mercado da Seda e Parque Ritan

Sexta-feira e eu alguns colegas de aula almoçamos juntos no restaurante do alojamento para estrangeiros, onde a maioria de nós mora (eu fui o único que me dei ao trabalho de decorar os nomes das comidas em chinês para comer nos outros restaurantes mais baratos, então fui vencido na escolha do local, blergh). Como alguns queriam fazer compras no Mercado da Seda, acabei acompanhando-os, mais para conhecer o famoso local do que para fazer compras.

O dia estava quente e com a tipíca neblina beijinense (é esse o termo?) encobrindo o céu. Após descermos na estação mais próxima ainda tivemos que caminhar cerca de meia-hora. Me espantou a quantidade de policiais nas ruas e o armamentos deles. Se vê policiais normalmente em Beijing, não muitos e sempre desarmados. Desta vez porém era impressionante. Em cada esquina havia uma viatura da SWAT chinesa (com a mesma sigla, sim) com pelo menos dois caras vestidos de preto na frente, usando capacete, colete a prova de balas e portando metralhadoras com baionetas! Impressionante. Não que realmente estivesse acontecendo algo, mas com a próximidade do feriado nacional o governo está realmente empenhado em mostrar que está presente e em evitar qualquer tipo de manifestação política contrária ao partido (vide as recentes manifestações de tibetanos e uigures). A tendência é que até o feriado a presença da polícia fique mais ostensiva, assim como o controle da movimentação das pessoas pela cidade, principalmente na Praça da Paz Celestial e arredores. Com certeza durante o feriado várias ruas e estações de metrô estarão bloqueadas, então vou andar longe do centro durante o início de outubro.

Bom, voltando ao Mercado da Seda. É um prédio de seis andares repleto de banquinhas vendendo diversos produtos falsificados, como um camelódromo mais organizado. Os produtos estão divididos por andares e lá pode-se encontrar roupas, sapatos, bolsas, eletrônicos, brinquedos, relógios, jóias, artigos em seda, artesanato tradicional, souvenires, enfim; muita coisa. Que marca queres? Gucci? Prada? Luis Vitton? Aqui é o lugar! Tudo perfeitamente replicado e por 1/10 do preço! Caso um pessoa tenha paciência de barganhar muito e aguentar os vendedores incomodando pode-se conseguir produtos bons e a preços muito baixos. É um local visitado principalmente por turistas, então todos os vendedores falam inglês (não é chinglish, é inglês mesmo, apesar do vocabulário limitadíssimo) e muitos falam o básico para vender em outras línguas. Não contive as risadas quando as vendedores viram a bolsa do meu colega finlandês que é estampada com a bandeira da Finlândia e cumprimentaram-no em finlandês! Até disseram "Preço bom" em finlandês!

A medida que se anda nos corredores os vendedores todos ficam oferecendo os produtos, uns dão tapas, outros esfregam os produtos na tua cara ou te puxam pelo braço! "Hello! Want purse? Luis Vitton? Good price! Jeans? Very cheap!". Quando eu dizia que não queria em chinês algumas me perguntavam de volta "Porque não quer?", para saber se eu realmente falava chinês, dava vontade de mandar a ... Há ainda as vendedoras que lembravam de mim! Com se eu já tivesse comprado na banca delas milhares de vezes. Fiquei bastante interessado em um conjunto de bonecos dos protagonistas do livro Jornada ao Ocidente. Perguntei o preço e a mulher respondeu 1040 RMBs. Eu disse que não queria e fui indo e a mulher meu puxou pelo braço! "Que preço tu queres?". Não respondi porque apesar do interesse eu não queria gastar dinheiro, mas com certeza eu conseguiria comprar por uns 300 a 400 RMBs.

Vi os vendedores com calculadoras apontandos para os clientes, "Ah, não. Com esse preço tu me mata!", "Ok, esse é meu preço final, agora é sério!", "Assim eu não tenho nenhum lucro", "Eu quero ser sua amiga para que tu voltes aqui, mas com esse preço nós não podemos ser amigos!" etc. Mais engraçado foi um americano barganhando por um relógio: "Aqui é tudo falsificado! Te dou 10 RMB por esse relógio!", no que a vendedora respondia batendo nele com outro relógio: "Tu estás louco! Tu tens que ir ver um médico!". No fim, ainda achando graça de tudo mas um pouco cansado de dizer "Bu yao!" (não quero!) começei a responder em português para as vendedoras, dizendo que caso elas falassem em português comigo eu compraria alguma coisa delas. E não que uma me disse "Obrigado"! Ai começou a falar em espanhol, mas ai já não era português. Não comprei nada dela!

Realmente, apesar dos preços iniciais serem exorbitantes, pode-se (na verdade deve-se) barganhar até o preço diminuir no mínimo pela metade. O problema é que como a maioria dos clientes é estrangeiros os preços são um pouco maiores do que em mercados de barganha menos movimentados e mais "chineses". Mesmo assim, os preços são muito bons após a barganha. Portanto caso alguém queira uma Luis Vitton por menos de R$ 50 é só avisar! É possível que eu volte lá para comprar roupas de inverno e tênis.

Bueno, após essa rica experiência antropológica o grupo (que consistia basicamente em quatro finlandeses, uma sueca e eu) resolveu voltar para a Universidade. Eu preferi ir sozinho conhecer as ruas no entorno. A zona do entorno é considerada o bairro dos estrangeiros. É aqui que ficam a maioria das embaixadas (senão todas) e há várias marcas internacionais. Tomei um café expresso muito bom em uma cafeteria que atendia em inglês (o expresso mais caro que eu já tomei, uns R$ 6, mas café é caro aqui na China e eu realmente precisava de um café de verdade) e consultando meu mapa resolvi ir no parque Ritan, o altar do sol, um dos cincos altares de sacrifícios imperiais que estão espalhados pela cidade (o mais famoso é o do Céu). No caminho passei na frente de algumas embaixadas, mas não encontrei a do Brasil.

O parque era bem bonito, mas já era tarde e estava escurecendo. Deu para ver várias pessoas se exercitando e um grupo de velhos jogando Weiqi, um jogo de tabuleiro chinês mais conhecido no Brasil pelo nome japonês, Go. Fiquei emocionado de ver enfim ao vivo uma partida de Weiqi, que eu gosto bastante, pena que não pude fotografar poque não levei a câmera (de novo?). Mas um dia ainda tiro fotos do parque, talvez na próxima vez que eu for no Mercado da Seda. Ai também já aproveito para procurar a embaixada do Brasil.

4 comentários:

  1. Bah, tchê!!! Tu não comprou o negócio!! Ela falou português, trapaceiro! tsc tsc tsc

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  2. Rachei o bico lendo a tua descrição do mercado e das táticas de basrganha, hehehehe! E os eletrônicos?? Falasse só das bolsas, mas e os mp25, os note de 5 tera de hd, as máquinas do tempo, nada?

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  3. É guri...barganhar é o negócio!!!!!
    Fico imaginando os china gritando em tudo q é lingua na volta das pessoas...EU não teria paciência! aff!

    :**

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  4. Rubens Andrade (Ceará)28 de setembro de 2009 às 12:26

    bahhhh tu eh trapaceiro!!!!! a veinha falo português!!! q baita lók tu foi!!!
    Ahhh e diz pra sueca q o Ceará aqui de Bagé tá nela fááááácil!!! :D
    (Suecas me atraem ^^)

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