Depois do término do curso em Suzhou me fui para Hangzhou, a cerca de 3 horas de ônibus de distância. Ao invés dos canais a característica geográfica em destaque aqui é o Lago Oeste (西湖), que fica, dã, na parte oeste da cidade. Ao sul e ao oeste do lago há ainda montanhas repletas de pontos de interesse. Fui a cidade com uma amiga neozeolandeza descendente de chineses, mas ela só ficou 3 dias e eu 5. Não sei exatamente porque, mas acabei achando Hangzhou mais bonita do que Suzhou. Talvez como eu não passei 2 semanas lá estudando eu não tenha me acostumado, sei lá. Além do mais, o próprio Marco Pólo quando esteve por essas bandas descreveu esta cidade como uma das mais belas do mundo, quem sou eu para discordar?
A principal atração da cidade é o próprio lago e arredores, que eu circundei a pé começando de manhã e terminando de noite, subindo e descendo uma montanha ao norte (abaixo) e totalizando uns 12 quilômetros acredito eu, medido através do google maps. No centro do lago há duas ilhas que é possível visitar uma a pé e a outra de barco. Além dos barcos que levam á ilha é possível fazer algum trajeto curto de barco também.
No leste do lago está o centro da cidade, por onde eu só passei rapidamente. Já no norte sobre uma montanha está o Parque da Caverna do Dragão Amarelo (黄龙洞公园). Lá pude visitar um templo daoísta que infelizmente está sendo todo reformado, então não foi possível ver muito mais do que salões repletos de material de construção sem os adornos ou estátuas tradicionais. Pude ver inclusive algumas estátuas fora do local e sem algumas partes, como a cabeça por exemplo. Porém quando eu estava me lamentando por ter visitado o templo em má hora escuto música vinda de algum lugar. Após procurar por um curto tempo acabei encontrando a única parte do templo que ainda parece intacta, e o melhor de tudo, estava acontecendo um culto na hora! Foi a primeira vez em que eu vi um culto daoísta na vida. Uma sacerdotiza no centro do salão rezava em voz alta, cantava, andava de um lado para o outro e venerava os deuses em sua frente enquanto mais umas 7 pessoas, entre homens e mulheres, tocavam vários instrumentos e cantavam. O que era mais interessante era como as demais pessoas estavam sincronizadas com a sacerdotiza, que numa hora estava declamando e de repente começava a cantar e era imediatamente acompanhada pelos instrumentos. Só havia um fiel acompanhando o culto. Imagino que um templo pequeno e não muito famoso, em reformas no alto de uma montanha e no meio do mato não seja o lugar mais atraente do mundo pra se ir rezar... Ainda consegui tirar algumas fotos antes de um religioso que estava sentando acompanhando tudo me dizer que eu não podia fotografar, tarde demais. Na montanha também há algumas grutas transformadas em lugares de culto.
Muito interessante foi visitar os dois pagodes mais famosos da cidade, cada um com sua característica bem distinta. O primeiro e mais famoso, Pagode Leifeng (雷峰塔), fica na margem sul do Lago Oeste, possível de ver a longa distãncia à noite devido a abundante iluminação. A torre original foi construída no século 9, mas acabou caíndo no início do século 20 por falta de cuidados. Então foi reconstruída recentemente e conta com, iluminação, ar condicionado, televisores e até mesmo elevador! É, um exemplo de uma pagode do século 21 ou sei lá o que. A torre é muito bonita, seus andares estão cheios de painéis contando a história da mesma e do alto têm-se uma vista linda do lago e da cidade, mas caso se queira saber como é um verdadeiro pagode tradicional o ideal é ir ao Pagode das Seis Harmonias (六和塔), no lado sul das montanhas ao sul da cidade. Aquilo sim é que é pagode, também com uma vista linda do rio que corta a cidade ao sul, e nada de elevadorzinho para escalar os 60 metros de torre. Logo abaixo fica uma museu só sobre os pagodes na China que vale muito a pena de ver.
Também ao sul da cidade visitei o museu do chá e a vila que dá nome à variedade de chá mais famosa da China, a Vila do Poço do Dragão (龙井). Lá pude ver as enormes plantações de chá na beira das montanhas e aprender sobre o processo de preparação das folhas, como fazer o chá, todas as variedades, etc. Também pude provar gratuitamente uns chás muito bons servidos por uma funcionária muito atenciosa, que após a seção de desgustação nos levou à loja do museu para comprar chás superfaturados, lógico...
Um último destaque da cidade, creio eu, é o Templo do Esconderijo da Alma (灵隐寺), nas montanhas ao oeste do lago. A montanha abriga mais uns dois grandes templo além deste, mas nenhum tão grande. Talvez seja um dos maiores templos que eu já visitei, e repleto de gente! Na montanha também existe uma parte onde centenas de imagens budistas foram esculpidas na pedra, dentro de grutas e nos lados da montanha.
Em breve a terceira e última parte deste post, sobre Nanjing.
sábado, 7 de agosto de 2010
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Quando li "Parque da Caverna do Dragão Amarelo..." foi inevitável não pensar no Vingador e naquele unicórnio chato, deusulivre... Desculpe a associação tosca, mas não vou aqui comentar a arquitetura dos pagodes , tampouco a tua bela descrição do culto daoísta... Não tenho bala pra isso. Fico apenas no cafezinho...
ResponderExcluirFalando nisso, tens encontrado boas cafeterias, ou bons tipos de café por aí?